A reforma da previdência é necessária, mas parte da leitura exposta pela grande impressa, no meu sentir, está equivocada.
De uma forma sucinta, a contribuição previdenciária decorrente do trabalho (empregado ou autônomo) é uma das parcelas que compõe o orçamento da Seguridade Social (saúde, assistência e previdência social), neste orçamento ainda temos contribuições recolhidas sobre o faturamento e o lucro das empresas (COFINS, CSLL) e loterias.
Portanto, o debate sobre questões relacionadas à previdência social deve levar em conta que alguns dos benefícios disponibilizados para todos cidadãos (saúde e assistência social), contribuintes ou não, são custeados com recursos da contribuição do trabalhador e isso é coisa que pouca gente faz ideia. Parece-me justo que quem trabalha deve, de alguma maneira, contribui com os menos favorecidos.
Assim, se faz necessário deixar claro que as contribuições previdenciárias dos trabalhadores não servem tão somente para suas aposentadorias, como dito antes, faz parte do orçamento da Seguridade Social e, em linhas gerias, servem aos seguintes benefícios:
Saúde - atendimento médico em geral para todos os cidadãos sejam empregados, contribuintes ou não contribuintes.
Assistência social - ações destinadas aos indivíduos sem condições de prover o próprio sustento de forma permanente ou provisória, independentemente de contribuição à Seguridade Social.
Previdência social – é a proteção do segurado em caso de doença, invalidez, morte, idade avançada, maternidade, desemprego, bem como de seus dependentes, através da pensão por morte e do auxílio reclusão, além do pagamento do salário-família ao segurado. Ao contrário do que ocorre com a saúde e a assistência social, a previdência social adota regime de caráter contributivo e obrigatório, razão pela qual apenas quem para ela contribui e atende às condições previstas em lei pode auferir dos benefícios previstos.
Por isso, a leitura de que a previdência social não é deficitária está incorreta, a narrativa não se sustenta a uma análise rasteira do sistema previdenciário, uma vez que a coisa não é tão simples como aparece. Porém, infelizmente, é o que se ver disseminado em nossos meios de comunicações.
Walter M Quintela
Walter M Quintela